sábado, 10 de julho de 2010

O campo "Nacionalidade"

por Arturo Hartmann

No documento de cessão de autorização de imagens que nossos entrevistados assinam, há um campo "Nacionalidade". Nos últimos dias, o preenchimento do papel rendeu boas histórias: piadas e perguntas sem respostas. Ontem estávamos em Bil´in - vila aos redores de Ramallah famosa por seus protestos pacíficos contra o assentamento de Modi´in Illit, que lhe tomam terra e "avançou" a linha verde - e fizemos a última entrevista com um de seus moradores. Olhou para o campo nacionalidade e lhe surgiu uma curiosidade.

Ele é fá confesso do jogador de Sh´farm, árabe que jogou por Israel, com o qual vimos a derrota do Brasil. Quis saber como ele declararia sua nacionalidade: "palestino que mora dentro de Israel", "palestino-israelense", "árabe que mora dentro de Israel". Conjecturas não faltaram. Nós não lembrávamos. E seguimos com as possibilidades: "israelense", "palestino de 48"...

Essa "nação" palestina terá dificuldades de incluir todos os seus cidadãos. Há os "palestinos de 48", os "palestinos palestinos da Cisjordânia e de Gaza", os "palestinos refugiados" do Líbano, da Jordânia e de outros países árabes, "os palestinos na diáspora", na América ou na Europa.

Não chegamos a conclusão alguma. Nosso entrevistado não teve dúvidas: "falastinya" (palestino). E, percebi, sim, é possível alguém escrever com orgulho.

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