quarta-feira, 16 de junho de 2010

Jerusalém e o Shabat

Por João Carlos Assumpção

Estive duas vezes em Israel, a primeira há pouco mais de 20 anos atrás, a segunda, agora por ocasião do documentário sobre a Copa vista em região de conflito.

Jerusalém, pelo que me lembro de 1989, mudou muito, a parte ocidental está muito mais moderna do que antes, parece uma cidade europeia. As pessoas também achei muito mais simpáticas, mais gentis, menos rudes. Talvez tenha sido uma experiência pessoal, talvez o fato de gentileza atrair gentileza, mas acho que há algo por trás dessa minha impressão. Uma nova geração se formou e está hoje nas ruas. E tem suas diferenças com as gerações anteriores.

Discute-se muito hoje em Israel a necessidade ou o desejo de atrair cada vez mais turistas para a Terra Santa, atrair mais estrangeiros para visitarem Jerusalém, uma cidade que abrange algumas das principais religiões do mundo.

Para isso, no entanto, acho que o Estado (judeu) teria que repensar o Shabat. Pois, para quem não é religioso _judeu religioso, digo_, do pôr-do-sol de toda sexta-feira até o pôr-do-sol de todo sábado, praticamente tudo fecha em Jerusalém. Você não vê ônibus circulando, quase não encontra táxi, tem enormes dificuldades para encontrar um restaurante ou um pub aberto, não vê pessoas nas ruas, com todo respeito à religião, é um tédio para o turista que quer viver a cidade. É muito diferente de um domingo no Brasil, onde há várias opções de lazer.

Tel Aviv, que é uma cidade muito mais mundana, não é que nem Jerusalém no Shabat, o dia de descanso dos judeus, que não podem, entre outras coisas, acender a luz, ver televisão, dirigir automóveis... Quem quer seguir que siga, mas conversei com vários judeus não-religiosos que acham muito desagradável ficarem quase que confinados nestas cerca de 24 horas. Direito a transporte público, por exemplo, eles deveriam ter. A tomar café, mesmo em hotéis cinco estrelas, também. E não têm, pois é Shabat.

7 comentários:

  1. Se Israel e Jerusalem têm que repensar o Shabat, meu filho, o Brasil tem que repensar o domingo. Queria ver acabarem o domingo no Brasil, você não ia reclamar?

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  2. A discussão vai além disso: o Estado deveria ser laico. Os religiosos estão cada vez mais fortes em Israel pois são os que mais procriam e o Shabbat (escreve-se com dois Bs)vai continuar, atrapalhando os turistas. Concordo com sua ideia, mas em Israel não pega. Sinto muito. Shabbat Shalom pra vocês.

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  3. Podiam colocar o shabat no Brasil também. Teríamos folga sexta, sábado e domingo. Ou melhor, o Congresso já instituiu um shabat melhorado. Em Brasília eles folgam segunda, sexta, sábado e domingo. Isso que é vida boa. Marcelo manda um abraço pra turma do blog

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  4. Janca, meu irmão, aqui é o Maurício, do Rio, marido da Gabi. Soube do blog pelo pessoal do Lance. Você faz falta aqui. Quando o Uruguai ganhou, lembrei de você na hora. Parabéns pela vitória e por ter acertado que o Parreira ia fazer história mais uma vez, como o primeiro técnico a cair com o time da casa na primeira fase da Copa. Janca, o blog tá demais. Seus parceiros de trabalho não sei se cheguei a conhecer, são de uma competência enorme. As fotos e os textos são muito bons. Finalmente um blog de qualidade. Vê se arruma um tempo de visitar os amigos aqui do Rio. Abração e boa sorte com o filme.

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  5. O ideal seria: quem quisesse fazer shabbat faria, quem não quisesse, não faria. Parar tudo é ruim. Estive em Jerusalem no ano retrasado e achei um saco essa coisa de shabbat pra todo mundo. La no sul do país não é assim, por isso deve ter mais turista.

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  6. Lembrando que a Espanha, Estado laico, segue orgulhosa de sua siesta. Ainda que em Madrid e Barcelona existam exceções, a maioria das atividades são paralisadas por 2 ou 3 horas - DIARIAMENTE, e não apenas às sextas-feiras.
    É um empecilho? Ás vezes. Mas a gente acha graça e acaba entrando na onda. Afinal, faz parte da cultura espanhola. Como o Shabbat faz parte da cultura israelita. Se viajar é conhecer outra cultura, há que se adaptar, não?

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  7. João Carlos Assumpção18 de junho de 2010 às 05:42

    Fernanda, talvez você tenha razão e eu esteja errado. Sua colocação me deixou em dúvida. É, talvez eu esteja equivocado. Vou ter que pensar mais uma vez. E duas. E três...
    E Maurício, abração pra você e de fato o Parreira tem tudo para fazer história de novo. Em 98 já conseguiu ser demitido como técnico da Arábia com a Copa em pleno andamento. E agora coitados dos sul-africanos, que apostaram errado. Abração, Janca

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