segunda-feira, 7 de junho de 2010

"Portais"

por Lucas Justiniano

Meu primeiro contato foi com Jerusalém. Foi ali que me deu o “baque” de onde estava. Tínhamos acabado de chegar do aeroporto e fomos encontrar o Tiago no hotel em que ele estava. Daí, iríamos à casa que alugamos como base. Saí para achar um telefone público para ligar para ele e também comprar cigarro. Fui andando sozinho pela rua. Atravessei a rua, olhando a paisagem, as placas escritas em hebraico, árabe e inglês caiu a ficha! Foi bem maluco imaginar que estávamos no Oriente Médio, em “Jeruza” (apelido carinhoso batizado por Tiago) com mais quatro puta amigos, fazendo um documentário, lugar em que vamos ficar 50 dias. Quatro meses de planejamento, correrias para ajeitar tudo, para a viagem, reuniões diversas, orçamento, equipamento, produção. E ali foi o baque de “Pronto, agora vai ou racha!” Foi bem bom. Arturo teve um desses também, estávamos em Tel Aviv quando cruzamos uma rua e ele viu um banco onde tinha sentado em 1a viagem deve ter dado aquele dejavu, mas dessa vez ele estava com mais três amigos, começando a produção de um filme... Deve ter sido bem bizarro para ele também...

Mas voltando, Jeruza é bem doido. E, já adiantando, pelos outros lugares, aqui, em algumas regiões você não atravessa uma simples ruas, mas sim portais que te levam a outro mundo, isso é muito maluco! Por exemplo, saindo de “Jeruza” Oeste (lado israelense) para “Jeruza” Leste (lado palestino) tem esse baque, a paisagem muda completamente, as lojas, produtos, pessoas nas ruas, as placas, o cheiro dos cafés, narguilles, falafel. E cada lugar tem uma beleza muito particular. E, sem dúvida, seus problemas também...

Um comentário:

  1. Lu, que delicia ler esse relato teu. A dicotomia e o baque que se sente no fundo de algum lugar do corpo quando voce sai de um bairro ortodoxo para uma parte moderna de "Jeruza". Quer dizer que nem esses 11 anos de diferenca do tempo em que eu estive ai mudaram essa caracteristica do encantamente e da curiosidade, talvez nem em 50 anos, 5 mil anos....nao importa se vc for judeu ou nao, mas o lugar em si carrega uma magia que so estando ai para entender, nao e verdade?
    Enfim, nao vejo a hora de vc voltar pr gente trocar album de fotos e historias..reviver um pouco do que passei ai, aproveite.
    Muitos beijos da Fezoca, sua irma judia!!!

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