terça-feira, 15 de junho de 2010

Primeiro dia da Copa nas comunidades africanas do sul de Tel Aviv

por Arturo Hartmann

Nosso primeiro contato com a comunidade do sul de Tel Aviv nos mostrou o quão delicado será nossa abordagem em relação a eles, o quão cuidadoso terá que ser nosso diálogo para que possamos contar sua história. Eles vivem sua própria realidade dentro de Israel, entraram, de certa forma, sancionados pelo Estado. Mas foram colocados, ou melhor, a eles lhes restou uma área ao sul de Tel Aviv, ao redor da Estação Central de Ônibus. Refugiados – do Sudão, da Libéria, da Eritreia e Congo - e trabalhadores migrantes de países asiáticos – das Filipinas, Tailândia e China - vivem em espera. Os primeiros esperam o status de refugiado – o que garante seguro-saúde e direito a trabalhar. Os asiáticos esperam pela próxima permissão de trabalho. A nenhum deles está no horizonte o direito de virar cidadão.

Para eles, este lugar é um trampolim econômico, talvez a única tábua de salvação após a saída por motivos políticos ou econômicos. Encontrar personagens dentro deste bolsão de pobreza pode dar uma melhor perspectiva sobre as políticas deste Estado. “Longe” do conflito, ou pelo menos de seu cerne, podemos entender questões administrativas menos inundadas por paixões políticas.

O jogo da África do Sul X México empolgou poucos. Uma mesa vibrava timidamente com os lances africanos e o gol foi o único momento de explosão. No geral, nesta área, no entanto, a empolgação com a Copa ainda foi pouca. Os gritos mais altos e mais fortes vinham de uma mesa um pouco mais afastada, mas nem por isso a menos barulhenta, onde estava uma brasileira. Ela torcia pelos sul-africanos em seu inglês macarrônico já influenciado por algumas doses de cerveja.

10 comentários:

  1. Meu nome é Fabio Cohen, sou mestrando em relações internacionais, ouvi hoje falarem do trabalho de vocês na rádio, entrei no blog e adorei. Mas tenho algumas ressalvas a fazer e algumas dúvidas. Queria saber se poderia entrevistá-los, se for o caso, para minha tese depois da Copa. Depois queria entender melhor o que estão fazendo no Oriente Médio. São um documentário e um blog? Quem está patrocinando ou bancando vocês? É um filme independente? Isso não ficou claro quando escutei na rádio, nada claro. Tudo bem, é normal. Lendo os textos, achei os dois melhores o Entediados com a ocupação e o Pontos de discordância, são muito bons. Mas quem são vocês? O que pensam? O que defendem? No Pontos de discordância (e o próprio nome diz) vocês são um grupo onde os membros pensam diferente. Isso percebi lendo cada post. Vocês não poderiam se definir politicamente melhor para não deixarem as coisas nas entrelinhas? Isso interessa quando se trata da questão judaica no Oriente Médio, pois é como futebol, envolve paixão e quando envolve paixão a coisa fica atrapalhada. Não há objetividade. Espero uma resposta, se possível, Fabio.

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  2. Quero voltar ao que tinha escrito antes. Se entendi corretamente, mesmo que pelas entrelinhas, o João é defensor do Estado de Israel e tem raízes judaicas (ou seja, tem um toque de parcialidade aí, o que é normal, eu também sou judeu e a questão me envolve, embora o Estado de Israel seja um e o judaísmo outra coisa muito diferente). O Arturo é defensor do ponto de vista palestino, africano e não gosta do Estado de Israel. Estou certo? O Lucas não consigo definir, parece um pouco deslumbrado com a viagem, o que é normal quando se vai para uma terra que vive em guerras. O José Teles, pelas fotos, parece pró o que vocês chamam de Palestina. Mas não sei. O Tiago Lafer é judeu? Fiquei com dúvida por causa do sobrenome. Por que não escreve? Não seria necessário cada um colocar sua visão política da coisa? Pois no mundo não há a objetividade absoluta e então poderemos entender melhor o que está por trás do texto de cada um. Fabio

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  3. Postei dois comentários, deu pau, se vocês receberam publiquem, pois pode dar uma boa discussão. Não censurem, meus caros. Aproveito aqui para fazer uma pergunta para o Assumpção. No texto em que você cita Pontos de discordância, a discordância é sobre o que escreveu o Arturo anteriormente, é isso mesmo? Escrevo para saber quem é quem, pois como disse objetividade absoluta não existe. Aproveito a ocasião ainda para perguntar _estou quase certo que sim_ se sua avó é da família Segall de São Paulo, parente do Lasar Segall, um dos melhores artistas plásticos que tivemos. Pois ele era lituano e a família Segall tem dois ramos distintos, um nada a ver com o outro. Um que veio da Itália e é forte no Rio de Janeiro, outro, bem menor, que veio da Lituânia (parece ser seu caso)e são os descendentes do Lasar. Se é esse o caso, é uma família que fez muito pelo Brasil. Tive a oportunidade de estar no Museu Lasar Segall, entrevistar o Maurício, um militante de esquerda e filho do pintor, uma pessoa de ideais. Não é uma família segregacionista nem fechada. Você é parente dele? Conhece o Maurício? Just curious. Seria muita coincidência. Fabio

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  4. Fabio, só faltou você perguntar: quem são os cinco? São casados? Têm filhos? Torcem pra que time? Você não é a Marta Suplicy perguntando pro Kassab?

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  5. o fabio para de querer provocar polemica no grupo. o lucas escreveu num post e eu li todos, voce talvez nao, que sao cinco puta amigos viajando juntos. se sao cinco puta amigos todos pensam da mesma forma, se não nao seriam amigos

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  6. acho que esse fabio cohen está muito curioso e tenso demais....relaxa cara eles simplesmente são cineastas sem rotulos o negocio deles é fazer cinema, levar uma realidade tão clara como a setima arte poderia fazer. Não precisa rotular tudo o que esta na sua frente.. e se eles são budistas, que diferença faz? relaxe e torça por Brasil e Chile tá? eles estão trabalhando, fazendo sua arte, enão estão para polemizar!

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  7. João Carlos Assumpção16 de junho de 2010 às 02:41

    Fabio, concordo com você que a objetividade absoluta não existe. Cada um tem a sua opinião. Eu defendo o Estado de Israel, mas defendo um Estado Palestino também. Sobre a família Segall, sim, sou descendente do Lasar Segall, minha avó era sobrinha dele (ela já morreu) e prima-irmã do Maurício, que é um grande ser humano. Assim como era o Oscar, irmão dele, e são os filhos de ambos. Abs. pra você, João Carlos

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  8. Como o mundo se tornou pequeno graças a essa nova mídia que cada um de sua casa, em qualquer parte do planeta pode se comunicar.
    Achei interessante as dúvidas do Fabio, afinal, por que estar na Palestina e em Israel durante uma Copa do Mundo???
    Mas só quem acompanhou o projeto pode saber o que aconteceu, temos que concordar que uma Copa num continente africano já é surreal e mais surreal ver a Copa em região de conflito como de Israel & Palestina, como vêem o futebol? o que isso representa? será que é como vemos aqui no Brasil onde o país literalmente pára de funcionar???
    Afinal, será que o futebol pode ser a POMBA DA PAZ para o mundo?
    Hoje o Brasil me decepcionou, foi um jogo "chinfrin" sem paixão, sem emoção, sem grandes estrelas. Senti falta do Fenômeno, do Pelé, do Garrincha, de nomes que fizeram nosso futebol ser campeão tantas vezes. De um Telê Santana, de um Scolari, de um Feola (isso mesmo?? o de 1958???).
    Mas o que vale nessa jornada é o espírito de mostrar um lado que pouca gente imagina que o FUTEBOL é um fato que acontece no Planeta.
    Equipe destemida, sem roteiros e sem esquemas, mostrem o que acontece nessa região que é menos de 5% do Brasil e que detém a atenção do mundo porque lutam cada um por seu espaço, por um ideal, certo ou errado, é como uma família de irmãos e primos que querem ter o maior quinhão da herança que os antepassados deixaram ali sem registros e sem documentos firmados. Cadê o Rei Salomão?????
    abraços,
    Malu

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  9. Vocês não me entenderam direito. Quem escreveu escondido no anonimato não levo em conta. Minha pergunta a Malu compreendeu: por que estar em Israel durante uma Copa do Mundo??? Eu não acompanhei o projeto para saber o que aconteceu. O que gostaria de saber era a posição de cada um sobre a questão do Oriente Médio, apenas isso. Vou acompanhar o blog e no final da Copa tento entrar em contato com vocês para poder entrevistá-los, se for possível para vocês. Fabio

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  10. João Carlos Assumpção17 de junho de 2010 às 01:09

    Caro Fabio, a Malu compreendeu sua pergunta e a resposta já deram, ela mesma deu. Estamos fazendo um documentário para mostrar como a Copa é vista em região de conflito, Israel/Palestina.
    Quanto a nossas posições, discordo de quem escreveu que se somos amigos pensamos da mesma forma. Somos amigos, sim, claro, mas amigos não pensam necessariamente da mesma maneira. Por isso, inclusive, que aposta no sucesso do documentário e entrei neste empreendimento. Trabalho com quatro pessoas talentosas, cada uma com sua opinião. E discordamos até na hora das refeições. Adoro peixe, mas tem gente no grupo que odeia. Abs. e no final do doc estaremos à sua disposição, João Carlos

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